A pandemia por COVID-19 traz outros riscos além da própria doença

A pandemia de COVID-19 representa um evento sem precedentes. Devido aos recursos necessários para tratar pacientes infectados e esforços para prevenir sua propagação, a capacidade dos sistemas mundiais de saúde de diagnosticar e tratar concomitantemente as doenças não transmissíveis foi colocado em xeque. Antes da pandemia, declínios na mortalidade por doenças cardíacas tinham sido demonstrados em muitas regiões do mundo. Exames de imagem para detectar doenças cardiovasculares são amplamente utilizados no diagnóstico e para guiar terapêuticas mais eficazes que salvam vidas. 

Observamos uma ruptura acentuada nos serviços de diagnóstico em todo o mundo, potencialmente impactando o cuidado de milhões de pacientes com risco ou portadores de cardiopatias. Num estudo recente publicado no Jornal do Colégio Americano de Cardiologia revelou a drástica redução na realização de exames diagnósticos em Cardiologia. Mais de 100 países de todos os continentes foram analisados e revelou uma redução de 64% dos exames em Cardiologia. Um dado muito relevante foi que essa queda foi mais significativa na América Latina onde a redução chegou a 82%. 

Claro que poderíamos interpretar que os pacientes não estão realizando os exames porque não necessitam, mas após a implementação de medidas de distanciamento social no ano passado, as faltas (conhecidas como “no-show”) para realização exames de imagem aumentaram 55%, de acordo com uma outra análise publicada no Jornal Clinical Imaging. Esse dado sugere que os médicos avaliaram e indicaram a realização dos exames mas os pacientes optaram por não fazê-los. “Presumivelmente, o público em geral pode ter hesitado em visitar as instalações de saúde por medo de exposição e um 'distanciamento social' auto-imposto em relação às instalações de saúde contribuíram para o aumento da taxa de não comparecimento”, observaram os autores. 

Não existem estudos que determinem o impacto dessa redução na realização dos exames cardiovasculares na população. Na Fonte Imagem, aproximadamente um terço dos pacientes submetidos a avaliação para diagnóstico de doença coronariana confirmam sua presença sendo que metade desses de forma bastante avançada. Esse fato sugere que um número bastante significativo de pessoas está sob risco, provocado por essa redução no número de testes diagnósticos. 

É importante esclarecer que as Sociedades Médicas em todo mundo estabeleceram protocolos bastante rígidos para realização dos exames durante a pandemia, objetivando minimizar os riscos de contaminação dos pacientes e das equipes profissionais. Na Fonte Imagem adotamos todos esses protocolos sendo que muitas vezes conseguimos potencializar a minimização de risco através da realização dos exames em tempo muito menor graças ao parque tecnológico de última geração. 

Os cuidados para deter a Pandemia são primordiais, mas como ela está tendo uma duração muito superior ao previsto é fundamental que não releguemos a segundo plano o cuidado com as doenças não-transmissíveis que são as principais causadoras de morte, principalmente as cardiovasculares. 

Ronaldo de Souza Leão Lima 

Responsável Técnico Fonte Imagem